Vamos fugir à noite
Depois de afiar a foice
Disse que ia colher e foi-se
Por telefonemas de travesseiros
Combinamos tudo, todos desejos
Como crianças sobrevivem aos medos
Em cobertores trancados por cadeados de dedos
Estamos tão livres, correndo num racha
Somos tão Velozes que ninguém passa
Mas quem procura acha
E eu não tinha nem aberto minha caixa
Era uma vez o hoje
Vamos fugir à noite
Depois de afiar a foice
Disse que ia colher e foi-se
Mas sei que o para-brisa estilhaçado
Parece com fogos de artifício estourados
Mas o que só parece é enganado
E esganado eu não quero estar por saber que estava errado
Melhor ir com calma e avante
Não quero acabar ofuscado e ofegante
Chego a ser riscado pelo meu rasante
Mas não é qualquer dano que me deixa em pane
Era uma vez o hoje
Vamos fugir à noite
Depois de afiar a foice
Disse que ia colher e foi-se
Sabe como chegar do rio na beira
E agradecer sua companheira
Empurrando num mergulho de rasteira
Rir no frio vai dispersar a tremedeira
Sei que as leis não acampam
Somente as que os grilos cantam
Saber que as estrelas te amam
Brilham pra você e te chamam
Era uma vez o hoje
Vamos fugir à noite
Depois de afiar a foice
Disse que ia colher e foi-se
Espairecer pra espraiar
Gosto sim de caminhar
Sei que a linha de chegada vai me passar
Mas é sempre bom saber que está lá
Sempre bom saber que estou salvo
Mas quem perde me faz de alvo
Tem gente que acredita em milagres
Tem gente que é um milagre acreditar em algo
Era uma vez o hoje
Vamos fugir à noite
Depois de afiar a foice
Disse que ia colher e foi-se
Ela dormiu nos meus braços só
Enquanto o céu dava luz ao sol
Tomei decisões, fiz o meu melhor
Me embriaguei da cisão do pior
Me curei sentindo o calor
Num raio longe de todo dissabor
Tão fácil se esquece tudo o que sonhou
Quando o despertador vem e desperta a dor
Nenhum comentário:
Postar um comentário